O recente boom imobiliário do bairro Alphaville tem diminuído paulatinamente as áreas verdes do bairro. As árvores, que antes coloriam grande parte das ruas e avenidas locais, estão sendo derrubadas e em seu lugar estão sendo erguidos grandes edifícios comerciais ou residenciais, que trazem mais pessoas para a região e, com elas, mais necessidades por infraestrutura.
Na avenida Marcos Penteado de Ulhôa Rodrigues isso não é diferente. A imensa via, que margeia a Reserva Biológica do Tamboré está se inflando. Novos e grandes edifícios surgem em seu entorno e a necessidade por mais construções de base também vão se fazendo necessárias.
Os efeitos dessa urbanização já estão atingindo a Reserva. Já é possível ver sacos plásticos e entulho das construções voando ou invadindo as áreas verdes, que, por lei, são preservadas. Nas ruas abertas por conta das novas construções, carros avançam em alta velocidade: 100, 120 km/h é pouco para os veículos.
Enquanto o carro da reportagem esteve no local, constatou que respeito não existe e que a sinalização, já deficiente, é ignorada. Nem mesmo visualizando as faixas de pedestres, os condutores diminuem a velocidade. Falta um pouco de tudo, mas educação é o principal: educação ambiental, educação no trânsito, educação entre os seres humanos que dividem seu espaço na sociedade.
Especificamente em relação ao calçamento, constatamos que em alguns trechos ele inexiste ou está truncado. Maria Helena, vereadora de guia Santana de Parnaíba e diretora de Segurança da SIA (Sociedade Alphaville Tamboré), diz que realmente a necessidade existe e que em alguns trechos da avenida, as calçadas já foram construídas.
“É uma área recente, que veio recebendo ao longo do período empreendimentos residenciais, além de empresas e escolas. Uma das metas de governo do prefeito Silvinho Peccioli para a região de Alphaville, Tamboré e Aldeia da Serra é dar atenção à demanda no tocante a construção de calçadas”, explicou.
Algumas das áreas sem calçamento são públicas e a obrigação das obras cabe à prefeitura municipal. As outras são privadas e, portanto, são de responsabilidade dos proprietários. “Cabe ressaltar que os proprietários das áreas privadas vêm sendo notificados pelo poder público para construção de muros e calçadas, como dispõe a lei municipal nº 3075/2010”, disse Maria Helena.
A assessoria da prefeitura de Santana de Parnaíba informou também que logo após a promulgação dessa lei, a Secretaria de Obras criou o Programa de Muros e Calçadas, para acompanhar essa questão no município.
“O proprietário que fizer as obras, será notificado e, após 60 dias, poderá ser multado. Inclusive, na própria Marcos Penteado, muitas calçadas já foram construídas após esta lei”, reforçou a assessoria.
No entorno da área da Reserva Biológica, o calçamento é gramado, pois é uma área é de proteção integral e não contempla piso cimentício, à exceção dos pontos de ônibus. Bom para quem gosta do verde, mas nem tanto para quem se incomoda com ele.
O jardineiro Ernesto Coimbra, por exemplo, é um dos que gostam do gramado.
“Acho bonito quando tudo está bem verdinho e esta área de preservação é uma verdadeira bênção. Tem um cheiro maravilhoso e a mim não incomoda, ao contrário, até acalma no meio de tanto concreto”, disse.
Já a doméstica Idelma de Oliveira prefere mesmo um piso cimentado. “A grama é ruim nos dias de chuva, molha o sapato, mas a gente não tem opção aqui na avenida. Aliás aqui falta tudo, desde ônibus até piso”, reclama.
A falta das calçadas prejudica os inúmeros pedestres, público formado, principalmente, pelos prestadores de serviços. Eles são obrigados a se arriscar em meio aos carros para chegar ao ponto de ônibus mais próximo. “É uma loucura diária”, ressalta a doméstica Ernestina Silva, 52.
Fonte: Folha de Alphaville