Sem as sacolinhas, clientes improvisam em Alphaville

A dona de casa Maria do Carmo Cardoso, 64, levou três ecobags ao mercado no primeiro dia sem distribuição de sacolinhas plásticas. “Fui ao supermercado com as minhas sacolas. Soube da restrição pelo noticiário, já que estava viajando. Mas vi muita bagunça nos caixas. As pessoas mais reclamavam do que tinham atitude”, avalia.

De acordo com a dona de casa, as filas estavam gigantescas, porque os clientes ficavam esperando por caixas de papelão. “Ninguém queria comprar as novas sacolinhas. Elas são pequenas, menores que as que entregavam antes”, diz.

O fato é que os consumidores se viraram como podiam. No bairro de Alphaville e Tamboré, as grandes redes já aderiram à campanha da Apas (Associação Paulista de Supermercados), “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco”, que prevê a não distribuição de sacolinhas, mas a venda de sacolinhas biodegradáveis, ou seja, menos agressiva ao meio ambiente.

Nos caixas, os clientes improvisaram. Até os saquinhos normalmente usados para colocar frutas e legumes serviram para carregar as compras. “Tentei pegar caixa de papelão, mas eram grandes para a quantidade de produto que estou levando”, justifica Paulo Henrique Nunes, 45, que saía de um dos supermercados de Alphaville com as compras dentro de saquinhos plásticos utilizados para frutas e legumes.





Já a secretária Marilene Destren, 32, exibia uma linda ecobag. “Desde que anunciaram o fim das sacolinhas comprei algumas ecobags. Já que terei de mudar meu comportamento, então que as bolsas combinem com o meu estilo”, diz. Não são só adaptações às mudanças. Os clientes também reclamaram e muito. “Acho injusto a cobrança pela sacolinha. Querem que a gente mude de comportamento, mas sem as sacolinhas terei de comprar mais sacos de lixo. Então, qual é a vantagem para o meio ambiente?”, questiona.

Realmente, os supermercados aderiram à campanha, mas o consumidor ficou sem inúmeras respostas. Não sabe, por exemplo, quanto terá de desconto por estar comprando as sacolinhas. Não sabe quais as vantagens da troca. Ou seja, faltou informação e a troca foi realizada repentinamente.

Os pequenos mercados, aqueles instalados em bairros pequenos e distantes das regiões centrais, ainda estão se adaptando. Na verdade, não sabem se irão aderir à campanha, porque temem, entre tantos, afastar a clientela. “O mercadinho é para compras rápidas. Aquele produto que faltou na hora de decidir o cardápio do almoço. Então, não distribuímos sacolas em larga escala como as grandes redes”, explica Alfredo Nunes, proprietário de um pequeno mercado no Jardim Mutinga, em Barueri.

De acordo com a Apas, a economia com o fim das sacolinhas grátis será repassada ao consumidor através de descontos, ações de sustentabilidade ou em melhoria dos serviços.

Fonte: Folha de Alphaville





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