Trânsito para, de novo, em Alphaville

As medidas adotadas pela Prefeitura de Barueri para minimizar os congestionamentos no bairro de Alphaville e Tamboré – implantação de semáforos, reformulação do traçado de algumas alamedas e avenidas, reconfiguração de rotatórias, implantação de vagas específicas para embarque e desembarque de fretados, retirada de lombadas – não estão mais surtindo os efeitos desejados. O trânsito voltou a ficar complicado nos bairros nos últimos dias.

O coordenador do Demutran (Departamento Municipal de Trânsito), coronel Edson Orrin, disse que está acompanhando os congestionamentos diários. De acordo com ele, na noite de terça-feira, 27, quando o trânsito travou, houve um acidente com vítima na ponte de ligação com a cidade de Carapicuíba, o que refletiu diretamente em Tamboré e Alphaville, por conta da avenida Piracema, utilizada como saída pela maioria dos trabalhadores.

“Tudo o que acontece no Rodoanel, ponte de Carapicuíba ou na rodovia Castello Branco se reflete no trânsito de Alphaville”, avalia. Orrin disse ainda que novas medidas serão adotadas pela prefeitura. “Estamos no processo de finalização da contratação da empresa especializada em soluções para o trânsito. Acredito que na próxima semana a empresa já esteja trabalhando, fazendo a contagem de veículos e a verificação dos pontos críticos, para apresentar as soluções.”

Orrin lembrou que os semáforos foram instalados em abril. “Tivemos uma sensível melhora nos congestionamentos. Conseguimos reduzi-los em uma hora no horário de rush da noite. No entanto, essa melhora fez com que outros motoristas se animassem em tirar os carros da garagem. Não fizemos a contagem, mas é possível perceber que há um número maior de veículos nas ruas.”

O coordenador não está muito errado. Em uma contagem feita pela equipe da Folha de Alphaville foi possível constatar que de cada 10 veículos que transitam pela Araguaia no horário de rush da tarde, apenas dois carregavam passageiros. Quanto ao aumento do número de carros nas ruas, é possível constatar pelos locais escolhidos como estacionamento: terrenos desocupados e gramados.

Lógico que não se pode culpar apenas os motoristas que não adotaram a carona solidária. O trânsito é reflexo do desenvolvimento, observado com a chegada de novos empreendimentos corporativos e residenciais, que trazem a galope, mais moradores, mais trabalhadores, mais veículos, incluindo-se aí fretados, carros de passeio, motos e caminhões.

A situação, no entanto, para o coordenador do Demutran tem solução. “Há muito o que fazer. Temos os novos acessos, que serão construídos pela prefeitura, e dependem de autorização da Artesp [Agência Reguladora dos Transportes do Estado de São Paulo], a restrição de circulação dos caminhões no horário de rush da tarde [que entra em vigor no dia 17 de outubro] e também estamos discutindo outras alternativas”, garante.





Orrin disse que o único assunto ainda não discutido refere-se à implantação do rodízio de veículos nos bairros. “Podemos, sim, criar bolsões no Tamboré para absorver os veículos, já que muitos ficam nas ruas e perdemos faixas de rolamento.” De acordo com ele, a prefeitura está atenta aos congestionamentos e disposta a promover as mudanças e investimentos necessários para minimizar os problemas.

Pontos críticos

A implantação de semáforos garantiu maior trafegabilidade a alameda Rio Negro, mas complicou o trânsito na alameda Mamoré, principalmente para os motoristas que saem da Paiol Velho e tentam acessar a avenida Alphaville.

Também há outros pontos críticos, como a ligação entre a alameda Araguaia, a Via Parque e a Dib Sauaia Neto. A rota que era alternativa à alameda Rio Negro está praticamente satura­da, exigindo não só paciência como habilidade do motorista, já que o tráfego naquela região parece dar um nó, dificultando até a atuação do agente de trânsito escalado para o local.

Outro ponto crítico é a Araguaia, que tem várias interferências. Primeiro, as paradas de ônibus, uma vez que vários motoristas insistem em formar fila dupla, prejudicando o tráfego de veículos. Nas proximidades do shopping, há três interferências: o retorno, a parada de ônibus e o acesso ao estacionamento do shopping. Naquele trecho, o motorista também precisa de paciência.

No sentido contrário, os motoristas encontram dificuldades na Paiol Velho, Mamoré e avenida Alphaville. Para quem sai de Santana de Parnaíba e segue para Barueri, o tráfego também é moroso, por conta dos semáforos e das rotatórias, que exigem que todos desacelerem.

Já a avenida Tamboré, criada como novo acesso aos bairros, retirou 35% do tráfego da Rio Negro, mas tem despejado parte dele na alameda Araguaia, já que a maioria dos motoristas vêm até o cruzamento e acessam a Araguaia. Para evitar essa sub-utilização, a prefeitura não descarta a possibilidade de impedir o acesso a Araguaia, principalmente em direção ao Centro Comercial Alphaville.

Mas esses pontos não são novidades para ninguém. As redes sociais são utilizadas pelos moradores para criticar a falta de investimentos no setor ou uma política de ocupação do solo, que não acarrete mais problemas.

Todos os dias, eles fazem comentários, postam fotos, cobram as administrações públicas de Barueri e de Santana de Parnaíba. No Facebook, há duas comunidades: Desenvolvimento Sustentável Alphaville e Trânsito Alphaville, ambas com participação livre. Os moradores transformaram as duas comunidades em verdadeiros fóruns de discussão.

Fonte: Folha de Alphaville





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